terça-feira, abril 17, 2007

Delirium têxtil















Apesar de não ser uma consumidora assídua deste tipo de publicações, confesso que há muito não pegava numa revista destas que me despertasse algum interesse. Já não há volta a dar-lhe, o "movimento crafty" ou o "artesanato contemporâneo", ou o que lhe queiram chamar, está em franca expansão e promete! Nestes dois exemplares damos conta de que já não é só na www que as novas ideias circulam, mas outros mediums estão a ser contagiados (como de resto temos testemunhado pelo trabalho da Rosa, ou da Hilda). Parece-me muito importante esta divulgação, para que novas ideias vistam o tradicional (às vezes cansado) artesanato português. Aquilo que tem sido uma interminável e entediante repetição de "ideias" na generalidade das revistas de manualidades, parece (finalmente) transparecer uma tímida vontade de mudança.

Assim, foi uma agradável surpresa (Casa Cláudia Ideias nº9) verificar que se fala de Heróis de bolso...














ou se espreita a fantástica Hippie Chique na sua própria casa...




















Outra publicação muito interessante é de "Labores del Hogar"nº575 Abr 07 em que mostram este e outros maravilhosos "quilts" com tutorial e tudo para "faça-você-mesma(o)"!





























Mas o que me dá "cócegas"também é a notícia de um 1º Concurso de Quilting Fil d'Or...















E a exposição dos trabalhos concorrentes em Barcelona:















São ecos de encontros como este de que fala Jane, ou serão apenas estratégias comerciais? Seja como for, eu adorava ver um certame destes em Portugal, vocês não?
Ah! Mais um link absolutamente indispensável, também publicado na mesma revista:
Aqui encontram-se alguns dos bordados mais assombrosos, mais delicados, pormenorizados, ricos... blábláblá, que alguma vez se viu!

terça-feira, abril 03, 2007

Muito para fazer, muito para mostrar.
















Ainda um WIP, agora passou a tapete, ou capacho. Não tão tradicional como os que vemos pelos mercados e não só, mas numa ideia semelhante de reciclagem. O trapilho assume um lugar de destaque cada vez mais visível não só nas criações que "inundam a net" bem como em lojas de retrosaria que afirmam ser um dos artigos mais procurados.
Parece de facto urgente revitalizar certas
técnicas tradicionais, tal como a tecelagem (concordo plenamente Rosa), não só como divulgação de uma cultura, mas pelo aspecto ecológico que comportam. A produção e consumo de roupa hoje em dia apresenta níveis tão desmesurados que começa a ser um grave problema. Porque não reciclar de um modo interessante, criativo e que é tão nosso?
As mantas de retalhos, de tecido ou de renda com restinhos de lã, as lindíssimas rodilhas de trapos, os tapetes, a infinidade de ideias que podemos recriar com estas técnicas! Quem não cresceu no meio destas e de outras tradições? Quantas vezes olhamos as novas mantas de retalhos e dizemos: "ahh, lembra-me quando era pequenina!". Não defendo uma repetição exaustiva de modelos, padrões e significados, pois para isso existem já os grupos de bordadeiras, as fábricas artesanais ou semi-industrializadas, que apesar de muito poucas vão veiculando as tradições. Ou noutro extremo ainda mais raro as grandes marcas que recorrem a esses tessouros como cartão de visita.

Uma vez que há todo um "boom", uma febre de "artesanato urbano", "crafty art", ou o que lhe queiram chamar, porque não explorar esse interesse e desenvolver realmente novas técnicas, novas ideias? Parece-me pouco produtivo copiar ou recriar pura e simplesmente o que a "vizinha do lado" faz, pelo menos para divulgar como produto de autoria própria.
Perder algum tempo em experiências é necessário. Começar um trabalho com uma ideia, ainda que depois saia frustrado é muito valioso. Só nessa busca se pode marcar um trilho, tomar consciência de um objectivo, ou da sua procura. É claro que muitas vezes as coisas mais inesperadas acontecem. Somos muitas vezes parecidas enquanto pessoas, num contexto idêntico, com desejos semelhantes, e acima de tudo expostas às mesmas inspirações, disponibilidade de materiais, técnicas... tudo o que condiciona à limitação de ideias.
Não quero entrar em moralismos, nem me considero diferente dos demais. Acho apenas que devemos de perder o medo de assumir uma identidade própria, com todos os nossos erros, fraquezas (camisolas que não ficaram no tamanho certo, rendas enfoladas, costuras tortas.. quem não conhece a história?) só assim se justifica uma assinatura.
















almorosa 2 - orange beads na maçã.

















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